Um kit biotecnológico foi criado por pesquisadores para verificar se os filés e postas de piramutaba, uma espécie de bagre encontrada nos rios da Amazônia, que são vendidos em supermercados e frigoríficos, realmente correspondem à espécie indicada nas etiquetas dos produtos. O projeto é apoiado pelo Governo do Estado através do Programa “Mulheres e Meninas na Ciência”, com o edital nº 002/2021 disponibilizado pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Amazonas (Fapeam).
Kyara Martins Formiga, doutora em Genética e coordenadora do estudo do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa), afirma que o método desenvolvido para identificação é eficiente, rápido e seguro. Para utilizá-lo, é preciso utilizar uma pequena parte do filé ou posta do peixe e aplicar o teste.
“É mais rápido e com menor custo. Existem vários trabalhos de identificação de peixes que envolvem o sequenciamento de DNA, mas nesses têm todo um processo que requer maior quantidade de insumos e reagentes que são caros, e levam mais tempo para se obter uma resposta de identificação. Já a metodologia desenvolvida pelo nosso projeto é mais rápida”, explicou.
O método utilizado na pesquisa para identificar corretamente os filés e postas de piramutabas é o qPCR, que significa “reação em cadeia da polimerase quantitativa”. É conhecido também como RT-PCR, uma técnica utilizada para o diagnóstico da Covid-19. Em resumo, o qPCR é um processo para multiplicar uma amostra de DNA diversas vezes e identificar a espécie alvo. Na pesquisa, o qPCR verifica se o DNA encontrado no material coletado corresponde à espécie mencionada nas etiquetas dos fabricantes.
Contribuição
A pesquisadora ressaltou que o uso dos kits biotecnológicos pode oferecer aos consumidores a certeza de que estão consumindo um produto de qualidade e sem adulteração na origem.
Além disso, os fornecedores de filés e postas de pescado também poderão utilizar o kit biotecnológico no futuro para garantir a qualidade e procedência dos seus produtos. Além da piramutaba, a pesquisa tem como objetivo, no futuro próximo, criar kits para identificar mais seis espécies de peixes comercializados e vendidos em forma de postas e/ou filés na região da Amazônia.
Equipe de apoio
O projeto tem a participação direta e indireta de 11 colaboradores, incluindo profissionais do Inpa e do Instituto Federal do Amazonas (Ifam). Iniciada em 2021, a pesquisa deve ser concluída em 2023.
Kyara Formiga elogiou o apoio da Fapeam para o desenvolvimento de pesquisas no Amazonas. “A Fapeam é uma parceira única. Normalmente temos recursos para insumos, mas nem sempre temos bolsas para capacitar profissionais. Neste projeto, eu tenho as duas coisas. A fundação tem sido muito importante”, concluiu.
Programa
A pesquisa intitulada “Kits biotecnológicos para certificação molecular de filés de pescado comercializados no estado do Amazonas” é apoiada pela Fapeam através do Programa Amazônidas “Mulheres e Meninas na Ciência”. Este programa visa aumentar a representatividade feminina no campo da ciência, tecnologia e inovação, incentivando projetos de pesquisa, tecnologia e inovação como uma ação positiva para ampliar a participação feminina na liderança desses projetos.